Cassar ou afastar Pedro Taques seria dividir Mato Grosso em antes e depois, o marco divisório entre uma terra provinciana que ainda somos para o novo estado, cosmopolita. Mato Grosso é ainda terra de conservadores, e terra não no sentido figurado e sim no sentido concreto, a terra ainda é a origem do dinheiro e poder e nada é mais atrasado em tempos de tecnologia e inovação do que ficar refém da produção mais primitiva do mundo, a plantação. Portanto o "agronegócio" (produtores e especuladores) é a única voz, e interesse. As universidades não criaram pluralidades de pensamentos e o funcionalismo se mantém atrelado ao poder político (a independência econômica é relativa e dependente do governante).
A linguagem única, imposta pelos mesmos interesses, "seguram" pretensões como impeachment porque apenas o avanço contra o agronegócio poderia romper esse compromisso do poder com o governante, qualquer governante. E finalmente preparar o estado para a verdadeira revolução, que para além das cirurgias de cataratas tivesse uma política de saúde, que ao invés de fechar hospitais no interior ampliasse a rede e molhorasse o atendimento; Que ao invés de enviar material vencido para os alunos e roubasse dinheiro da merenda escolar, investisse fortemente na aprendizagem; Que a Segurança Pública não fosse um mero espaço para se fazer licitações duvidosas mas realmente adquirisse equipamentos modernos, armas, treinasse os policiais e os preparassem para enfrentar a sofisticação hodierna dos bandidos; Que em todas as áreas o governo pudesse investir para realmente atender a população e não apenas construir releases e selfies na imprensa vendida.
Taques sabe que a possibilidade de impeachment é clara, porque perdeu o lastro com o povo e há roubo em sua administração, e por isso vai resistir tentando agradar o agronegócio, a única força que ainda o sustenta no poder. Traçando um paralelo com o impeachment de Collor, naquela época houve uma aliança tácita da sociedade revoltada, com os estudantes e a imprensa nacional, aqui esses setores estão engessados pelo poder do dinheiro governamental. Embora Taques tenha se mostrado um governante medíocre também ao agronegócio. Mas vai acontecer o processo de sempre, a "sangria", deixando o governante fraco para a próxima eleição, e enquanto isso, dependente do agronegócio, ou seus representantes na Assembléia Legislativa.
Lá na frente o setor vai se realinhar a um novo nome, e vai elegê-lo. Mato Grosso só vai sair do lugar quando acabar essa dependência do agro e sua total influência na política. Algo que não se enxerga num horizonte próximo, a não ser que as novas gerações comecem a preparar novos líderes independentes, com cara e discurso de rompimento com esse modelo feudal, desatrelado, simpáticos ao desenvolvimento tecnológico, antenados com o mundo e corajosos o suficiente para dar um basta nessa barreira do provincianismo, onde vendilhões entregam sua credibilidade para serem aceitos no círculo político, e assim construírem mandatos onde a única função é subir a escala social e curtir a sensação enganosa do poder e do dinheiro.
Trocar Taques pelo seu vice, Carlos Fávaro, também não é grande negócio porque Taques come o pão que o diabo amassou, briga com o funcionalismo ou entrega amigos, mas jamais desagradará o agronegócio e o seu poder em MT, pois é isso que faz ele se sentir com algum poder. Pedro Taques vendeu sua alma e não pode voltar atrás, nem se quisesse. O mantra do governo ao setor, por exemplo, é dizer que construiu 1.500 km de estradas para agradar os barões da terra.
Curioso que a única força que faria frente ao agronegócio é o MP (Ministério Público, não confundir com Muvuca Popular), e esse Taques controla, todos os governantes controlam quando estão no poder, alguns mais outros menos, já que sua dependência de repasses do executivo não lhe garante a propalada autonomia. Ou seja, o poder de Taques não está nos votos do cidadão e sim na influência que tem sobre seus ex-colegas do MP. Sim, é incrível e ao mesmo uma aberração como este órgão usa sua credibilidade para controlar a política no estado, a ponto de acobertar bandidos indo elogiá-lo na TV em momentos de crise.
Mas o ano que se inicia, 2017, traz componentes novos e um alento a todos aqueles que se arrependeram do seu voto e crença. A massa de servidores públicos, uma força emergente no estado, está se mexendo, e está dizendo "não" ao agro e "não" a Taques, como solução para as combalidas finanças do estado e o pouco serviço ofertado, propondo inclusive a taxação de um e a queda de outro. A derrota de Taques no próximo ano será o marco do início da nova história que o estado construirá, cassar esse governador que transformou sonhos em decepção e arrependimento é tomar o poder de mando que está nas mãos de uma casta que elege quem eles querem, inclusive um Pedro Taques, que não passa de um bonequinho rechonchudo e falante sentado no colo de quem realmente comanda o estado.
Fonte: MUVUCA POPULAR