Bandidos organizam ataques a presÃdios e agentes de Mato Grosso

Interceptações telefônicas
constaram que facções
organizam ataque que pode
penalizar população e promover
o caos na segurança do estado
Os profissionais da Segurança Pública de Mato Grosso já identificaram os primeiros sinais de um novo ataque ordenado por presidiários do estado, pior do que ocorreu em junho do ano passado, quando uma série de ações criminosas foram como incêndio de ônibus, viaturas e veículos particulares, aterrorizou a população.
“Já tem denúncia, há muitos dias, de que eles [membros do Comando Vermelho] tentariam estourar a PCE para ir pegar o pessoal do PCC”, diz o presidente dos agentes penitenciários.
Ao , o presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário de Mato Grosso (Sindspen), João Batista dos Santos, afirma que os massacres entre presidiários de facções rivais no Norte do país, que chamaram a atenção da imprensa nacional nos últimos dias, também podem ocorrer também em Mato Grosso.
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João Batista diz que o risco iminente é confirmado com interceptações telefônicas feitas pelas forças de segurança.
“Já tem denúncia, há muitos dias, de que eles [membros do Comando Vermelho] tentariam estourar a PCE para ir pegar o pessoal do PCC”, diz João Batista.
Outro exemplo relatado pelo agente prisional é o risco de explosão do muro do presídio de Sinop. “A inteligência da Polícia Civil interceptou ligações da quadrilha falando que é para ter o muro explodido para eles fugirem. Essa semana, foi preso um homem em Sinop com explosivos e, na averiguação, ele admitiu que era para explodir o muro da penitenciária”, conta.
“A inteligência da Polícia Civil interceptou ligações da quadrilha falando que é para ter o muro explodido para eles fugirem. Essa semana, foi preso um homem em Sinop com explosivos e, na averiguação, ele admitiu que era para explodir o muro da penitenciária”, conta.
Além dos planos de ataques, destruição e fugas das cadeias, os membros do crime organizado também planejam matar servidores do Sistema Prisional e seus familiares, como forma de retaliação.
“Duas semanas atrás, foi interceptada pela Polícia Federal ligação telefônica de presos lá da penitenciária de Campo Grande com presos da PCE, organizando a morte de três agentes penitenciários de Barra do Garças porque eles estão exigindo que o Estado separe, na cadeia que tiver PCC , tire o Comando Vermelho e vice-versa. Caso isso não ocorra, eles vão começar a atacar agente penitenciário e famílias nas ruas”, revela João Batista.
“Duas semanas atrás, foi interceptada pela Polícia Federal ligação telefônica de presos lá da penitenciária de Campo Grande com presos da PCE, organizando a morte de três agentes penitenciários".
Carta do PCC
Após as rebeliões em Manaus (AM) e Monte Cristo (RR), começou a circular nas redes sociais uma carta assinada pelo Primeiro Comando da Capital, que anuncia uma vingança em massa contra a facção Família Do Norte (FDN), acusada da morte de 28 membros do PCC.
Segundo João Batista, o documento é verídico. “Essa carta veio de São Paulo, ela foi interceptada lá, que é onde está o núcleo do PCC. Era para retaliar o Comando Vermelho em todos os estados do Brasil, inclusive Mato Grosso”, explica acrescentado que o FDN é uma extensão do Comando Vermelho, que em Mato Grosso está presente em praticamente todas as unidades prisionais.
“A guerra é entre Comando Vermelho e PCC. A FDN lá do Norte é apenas um braço do Comando Vermelho. Aqui o Comando Vermelho é forte, quem mais tem poder”, afirma o agente.
Na avaliação de João Batista Santos, o risco dessa "guerra de facções" ocorrer em Mato Grosso é real. “Nós temos tudo o que eles têm lá. Aqui nós temos as facções criminosas, temos a superlotação, temos a ordem das facções, que é para estourar, para matar os outros. Só que diferente deles, os nossos profissionais da contenção estão preparados para fazer frente. O problema é que o nosso efetivo é pequeno”, afirma.
Além da rivalidade entre diferentes organizações criminosas, a superlotação de unidades prisionais, o baixo efetivo de agentes penitenciários, a defasagem nos aparelhos de segurança também são ingredientes contidos no “barril de pólvora” que pode estourar a qualquer momento nas cadeias de Mato Grosso, segundo João Batista, o que é reforçado pelo juiz Geraldo Fidelis, da Vara de Execuções Penais.
“Nós temos tudo o que eles têm lá. Aqui nós temos as facções criminosas, temos a superlotação, temos a ordem das facções, que é para estourar, para matar os outros. Só que diferente deles, os nossos profissionais da contenção estão preparados para fazer frente. O problema é que o nosso efetivo é pequeno”, afirma.
“Uma penitenciária que tem 800 vagas, mas que tem em torno de 2,2 mil pessoas, já mostra que é uma coisa fora do comum, falta concurso público para agentes penitenciários, num sistema que não tem scanner corporal para evitar entrada de celular. São várias fragilidades que ensejam um clima propício para rebeliões”, diz o juiz ao .
Mais do mesmo
Geraldo Fidelis afirma que o problema das penitenciárias não é recente e que são de conhecimento do Poder Executivo.
“Isso não é de agora. Antes dessa situação que está sendo discutida em todo o Brasil, antes das rebeliões no Amazonas e em Roraima, aqui já existia!”, assevera.
Fidelis relembra que em 2015, mandou interditar o Penitenciária Central do Estado (PCE), que na época comportava 2,8 mil presos, sendo que a unidade foi construída para suportar 800. Atualmente, existem 2,2 mil presos no local.
“Com essa estrutura defasada e arcaica que nós temos, onde não tem novas vagas há muitos anos, o que falar em recuperação de pessoas? Só tende a piorar”, avalia.
O juiz ainda se mostra cético quanto à atuação do Estado no sentido de resolver a situação.
“Me falaram que em abril deste ano vão abrir mais 600 vagas, mas eu não vejo concretizar nada há tempos. A situação é muito drástica, é muito séria. Aqui, não está nem melhor e nem pior do que está lá no Amazonas, não”, afirma.
Confira a íntegra da carta do PCC:
“Diante dos fatos que aconteceram no dia 01/01/2017 em Manaus/AM o Alto Conselho do Primeiro Comando da Capital para região Norte vem a público mostrar a sua indignação e revolta diante da barbárie contra nossos 28 irmãos.
Além disso aproveitar para expressar os sentimentos de pesar as Famílias de nossos irmãos.
Adiantamos que essa chacina jamais vai ser esquecida, os irmãos todos do Brasil inteiro e nossos parceiros em outros países estão se mobilizando para dar uma resposta à altura a essa facção auto denominado FDN, cujo reduto se concentra na Região Norte. Nossa Organização vai além de uma região, vai além do Brasil.
Estamos em todos os lugares e no momento certo a resposta vai ser dada.
Durante muito tempo tivemos uma convivência harmoniosa com nossos inimigos pois a nossa meta sempre foi lutar contra o Estado e não contra nossos irmãos mesmo que de outras Organizações fossem.
Saibam que vcs declaram guerra não só ao PCC, mas a todos aqueles que lutam contra o Estado corrupto brasileiro.
Estamos Fechado com a ADA, Bonde dos 40, até mesmo nosso rivais CVRL, CRBC, TCC, SS, CDL,TCP, PGC, SDC demonstraram apoio nesse momento.
Repetimos, essa chacina foi uma declaração de guerra contra o Tráfico de Drogas de Todo o Brasil e de todas as Organizações e Facções parceiras.
Uma FACÇÃO sozinha não será capaz de destruir anos de Aliança de Irmãos. Essa Dita Facção FDN será dizimada da face da terra. Uma guerra silenciosa travada nos morros, nas periferias do Brasil, nas favelas do Nordeste e Norte ganharam as ruas.
Nossos 28 irmãos serão vingados, a mesma bandeira que desfraldaram com o sangue deles escrita FDN no dia 01/01 será queimada e terá cravada a cabeça de todos aqueles fizeram isso com o crime no Brasil.
Aos familiares dos nossos irmãos estamos prestando toda solidariedade e ajuda como sempre fizemos e comunicamos aos parceiros que toda ajuda financeira é bem vida nessa empreitada. Parte da indenização que nossos irmãos irão receber está sendo negociada com as famílias e com o alto comando, no entanto sabemos que não é suficiente. Contamos com a solidariedade e o apoio de todos os parceiros.
Paz, Justiça e Liberdade
PCC- Regional Norte. A união vai prevalecer.”
Fonte: Repórter MT
Data: 06/01/2017